sexta-feira, 11 de maio de 2012

A primeira gargalhada





Os últimos dias não tinham sido nada fáceis, tudo o que fazia lhe causava dor, até mesmo para respirar havia dor. Ela não tinha vontade de sair do quarto ou de casa e muito menos de ter contato com qualquer pessoa ou com o mundo. Porém tentava, dava uns passos e tentava não pensar em nada.

Uma amiga lhe visitava e até saíram para caminhar dois dias, era agradável. Só que os sorrisos não pareciam ser sinceros. Pelo menos não como eram antes, era como se ela risse de tudo só pra não causar mais preocupações e fazer com que todos acreditassem que ela estivesse melhor.

Estava no banho, como sempre a água lhe acalmava. Ali ela se permitia sentir as dores, poderia deixar seu corpo demonstrar isso da forma que fosse. Não tinha de quem esconder e nem porque esconder de si mesma a verdadeira situação. Mas naquele dia lembrou-se dos últimos dias, dos sorrisos e dos sentimentos que a rodeavam. Era tudo muito estranho, até brigava um pouco com si mesma por não sentir nada, por sentir tudo, por esconder do mundo o que realmente pensava.

O primeiro sorriso apareceu do nada, logo em seguida outros apareceram. De repente lá estava sozinha no banheiro, enquanto passava o sabonete pela barriga a gargalhar. Assim, pensando na expressão “louca com atestado”. Cada vez que pensava na forma como sua amiga havia lhe chamado brincando ela ria sem parar. E pensava que agora poderia mesmo dizer que era louca, e se alguém questionasse ela teria mesmo os atestados médicos para comprovar que não estava brincando em relação a isso.

Jamais passou pela cabeça da jovem que seus primeiros sorrisos sinceros reapareceriam quando ela estivesse sozinha e que seriam causados por uma piada em relação a seu estado atual. No final das contas nem se importava com isso, pelo contrário, ali encontrou um novo motivo para continuar a vida e mudar o que precisasse para ser feliz. Naquele momento decidiu que mesmo o tal do atestado não iria impedir que ela seguisse alguns planos e muito menos a sua felicidade. E sentia que estava dando provavelmente um dos primeiros passos para superar e passar por tudo isso.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Cabelos Bagunçados





Os cabelos estavam bagunçados, os olhos inchados e o rosto amassado. O mais sincero sorriso apareceu no instante que viu as rosas no criado mudo. Virou então para o lado da cama que deveria estar vazio, lá estava o seu anjo protetor lhe observando atentamente.

-Bonjour mon amour!

-Bom dia... O que faz aqui?

-Dormiu bem?

-Sim, mas poderia dormir melhor...

-Ahh... É?

-É, se você estivesse aqui. Assim se eu tivesse pesadelos não teria medo.

O olhar ficou sério, ele a abraçou forte.

-Eles voltaram?

-Não, nunca me deixaram...

-Mas antes não eram tão frequentes eram?

-Sempre os mesmos, iguais. O tempo todo, o que muda é que não me sinto mais protegida.

-Acalma-se minha pequena, agora estou aqui...

-Vai ficar?

-Vou...

-Mas... Assim... Pra sempre?

-Até mesmo quando você disser que não sou mais necessário estarei aqui...

A jovem de cabelos emaranhados então se afogou mais naquele colo do qual sentiu saudade. Os dedos do anjo tocavam levemente os fios, até chegarem a seu rosto. O levantou, secou uma lágrima e lhe deu um doce beijo na testa. E os dois ficaram ali até que o sono da menina voltasse novamente e ela dormisse mais tranquila.