terça-feira, 20 de novembro de 2012

Confiança


Ela já sabia que relacionamentos são feitos de confiança, seja qual for o tipo de sentimento e situação que envolve as pessoas. A confiança é praticamente o laço básico que une as pessoas, mas e quando ela é quebrada? Fica a dúvida se deve ou não dar uma segunda chance, ou se simplesmente já era. Nesse caso Rachel preferiu dar uma segunda chance para Mathew, eles seguiam bem. Ela gostava de estar ao lado dele e de tudo o que vinha junto. Era feliz, de verdade, mesmo às vezes não parecendo, ele era o novo cara que fazia seu coração bater mais rápido e forte.
Até que em uma noite qualquer ele sussurra no ouvido dela um pedido:
-Me ame!
-Como?
-Eu quero que você me ame...
 Depois ele ainda lhe faz uma pergunta:
-Por que é tão complicado?
Na hora Rachel não soube responder, apenas falou que não entendia o por quê era, mas que tentaria. Em outra noite, olhado as estrelas no céu tudo pareceu claro. A confiança, estava ai o porquê não conseguia ama-lo. Era o fato de não conseguir confiar no rapaz, não somente pelo erro que a fez perder o pouco de confiança que tinha. Mas também por acreditar que ainda era muito cedo pra depositar toda a sua confiança nele, afinal de contas, até onde sabia ele era um ladrãozinho de corações. E pelo que tinha visto naquele dia, em que descobriu a mentira, continuava a ser. Poderia ser uma coisa da idade, de querer provar que é homem e que mesmo comprometido ainda chama a atenção de outras meninas. Porém, aquilo ainda batia na cabeça da Rachel, por quê mesmo ele não contou que "queria" outra? Ela não se importaria, até ajudaria nesse caso.
Mas enfim, a falta de poder acreditar no rapaz a fazia ficar desconfiada e qualquer atitude era fácil para fazer com que mil planos fossem feitos. Tudo o que ela esperava que ele fizesse e não acontecia tinha um motivo que misturava a tal da falta dessa coisa chamada confiança, o fato de enganar, de mentir e de brincar com a garota.
E agora? O que faria? E menos de dois segundo já tinha mais uma decisão... Era muita coisa pra decidir em menos de 7 dias. Desta vez vai esperar por atitudes, não as tomará primeiro. Esperar mais uma vez, e se nenhuma provar que ela pode sim começar a confiar nele ela irá fazer o máximo para reabrir o coração e deixar-se amar novamente. Só que isso não passava de uma hipótese...

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Louca de Pedra




Há última oração já aconteceu há muito tempo, naquele onde a pequena ainda tinha um pouco de esperança e também sonhos. Atualmente seus pés não flutuavam mais, ela não desejava salvar mais o seu próprio coração, tão quebrado, tão esmagado que os novos curativos já não aguentavam e se arrebentavam.
Não sabia se isso era ser esperta ou se era burrice, mas quando se sentia triste ela corria para a memória, para a nostalgia. A explicação era de que nesses momentos de alucinação passada ela poderia controlar os momentos bons, esquecer os ruins e ser feliz. Tudo era felicidade e mais belo no passado.
Já era outra manhã, depois de uma noite mal dormida e cheia de sonhos que lhe enchiam de amor. Abriu os olhos, foi pro banho, olhou pro espelho e sorriu. Cômico! Sentia-se bem de mais, feliz de mais, linda de mais, tudo o que fosse possível de ser positivo, ela que era tão negativa assim. E nem aconteceu nada para que o humor mudasse tão drasticamente, pelo contrário, todas as cobranças que tinha a faziam querer cair, mas ela sentia-se bem de mais. Mais novamente, essa palavra ta passando muito pela vida dela, eita frequência!
Andou pela rua sentindo uma vontade inconsequente de gritar bem alto que ama! Sim que ama a si mesma! Olha só, será que aprendeu?! Odiava o sol, mas não se escondia dele, corria atrás dos raios para esquentar seu corpo frio, dançava no meio fio. Menina louca de pedra, pedra de louca, já estava rouca e continuava a gritar:
-Amor, amorzinho, amorzão! Meu pequeno passarinho que me faz voar. Chegue de surpresa, me jogue na mesa... Amor, amorzinho e amorzão, vem rapidão. Sem vergonha, me pega pelas costas e prove que me quer.
As rimas dela não faziam sentido, nem tinham algum significado e muito menos ela sabia rimar. Mas essa era a graça da coisa. E quando alguém a olhava com aquele ar de superior ela retribuía o olhar e falava:
-Caralho! Buceta! Puta! Pau! Pauta! Flauta! Arghhhh!
E ria novamente, sem parar, sua barriga doía, seus olhos cheios de lágrimas, mas ela não parava. Stop veio quando uma criança dos olhos azuis cor do céu, cabelos emaranhados da cor do sol sorriu com ela. Ahh crianças, como sempre não conseguem ver a tristeza, nem mesmo quando estão a sua frente beirando a loucura.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Ainda Aqui (Tic-Tac)


Essa sou eu, sentada no mesmo lugar, ainda aqui. O tempo passou, rápido, depois lento, depois meio termo, ai ficou rápido de novo, lento de novo e passou passado. E eu onde estou? Ainda aqui, sentada no mesmo lugar. Provavelmente esperando algo que nunca irá acontecer. É estranho, sinto como se algo fosse acontecer e tudo fosse mudar.
Quem sabe aquela mensagem de sinto sua falta/lembrei de você/to com saudades/te gosto/te adoro/te amo e até mesmo um te odeio seguido de um "porque queria você aqui comigo agora" pode chegar e pelo menos me fazer pensar em algo diferente. Sim, diferente, d-i-f-e-r-e-n-t-e! Ainda me pergunta o porque quero pensar em outra coisa?
Deve ser pelo simples fato de que o tic-tac do relógio me irrita enquanto eu fico aqui sentada esperando, algo, alguém, um sinal, uma chuva. Tic-tac, tac-tic, o tempo passa, passa de novo e eu continuou sentada aqui.
Os dias se foram, as noites amanheceram, as estações mudaram, as flores desabrocharam e as folhas já cairão. A chuva limpou e refrescou o asfalto, a maquiagem já foi tirada, o palhaço já deixou de sorrir. E eu, onde estou? No mesmo lugar, perdida olhando para o nada, pensando se estou acordada ou se tudo é um sonho real.
Ainda aqui, sentada, sozinha, esperando, você, eu, nós, uma história, um vinho qualquer... Ainda aqui, sentada sozinha em uma esquina qualquer. Parada esperando, esperando, ainda aqui, escrevendo uma história de amor sem fim. Um conto que não é apenas meu, é seu, é nosso...
Mas para essa história escrita apenas de um lado, sem nenhuma palavra, sem nenhuma ação, sem demostração resolvi deixar a máquina de escrever de lado e redigi-la apenas com o coração. Agora onde você está? Será que vai demorar? Por que não vem logo e vamos embora ver o dia amanhecer? Só to pedindo que venha logo, me pegue no colo e me leve com você. Diga que não estou ficando louca, que não sou a única que quero seguir com esse caminho. Segura a minha mão e pula comigo nesse lago profundo e cheio de mistérios ainda não descobertos.
Tic-tac, o tempo passa, o tempo passou, o tempo já parou e eu ainda aqui estou...

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O Beija Flor


Se assustou com um barulho perto da janela, olhou de longe, com receio do que pudesse ser. Viu algo batendo as asas bem rápido, como se tentasse se desenrolar da cortina. Chegou perto com calma para não assustar aquele pequeno e frágil animal. O tirou do tecido e tentou olhar ele de mais perto, o bicho se aproximou. Ela estendeu a mão, ele bateu as asas, virado para ela, a impressão de quem olhava de longe é que ele a observava. Em seguida, virou-se para a janela novamente e saiu, talvez em busca de alguma flor para se alimentar.
A jovem pequena ficou ali parada olhando para fora, esperando ver o seu "companheiro" em alguma das flores de seu jardim, mas não estava ali. Ela então voltou para a cama, fechou os olhos na tentativa de voltar a dormir, mas não conseguia. Pegou a primeira roupa que encontrou e foi até o jardim.
Sentou-se no balanço e ali ficou parada sentindo o vento bater em seu rosto. Aos poucos sorrisos tristes surgiram no seu rosto delicado. Um vento rápido passou por ela e aquele barulho surgiu de novo, mas dessa vez não tinha nenhum beija flor por perto.
"É pequena, as lembranças também são beija flores que lhe acompanham. Eles surgem barulhentos, se enrolam na cortina da mente e depois vão embora lhe abandonando em um jardim com a sensação de querer um pouco mais daquilo que se foi. E você como uma flor, fica ali a espera que ele volte e tome novamente do teu orvalho."
Com este pensamento escrito em seu pequeno caderno de anotações foi-se ao encontro de uma velha amiga que a esperava no portão.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Para todos os quases amores

Oi como você esta?
Lembra de mim? Um dia fui alguém importante na sua vida e hoje sou aquela pessoa que você reluta em lembrar e se me ver na rua finge que não viu. Sim, sou essa mesmo que você proibiu os amigos de falarem comigo ou citarem meu nome. Você parece não me suportar, mas sabe, de alguma forma sinto saudades, afinal fostes uma parte importante por um período da minha vida e quando isso acontece, mesmo com todas as decepções e lágrimas derramadas... depois de um tempo ainda fica um carinho guardado pelos momentos bons sabe... Ainda mais se havia aquele companheirismo, a confiança a parceria e aquela coisa de poder acabar o mundo que sabia que você estaria presente em minha vida, mesmo que no final não passasse de amizade.
Bom isso também pode ser para aqueles que conheci por pouco tempo mas que de certa maneira também marcaram minha vida de alguma forma. Ou para aqueles que estão me conhecendo aos poucos, porém já conseguem mexer o suficiente para eu sentir que haverá algo legal...
Só queria mesmo dizer que o maior problema de todos vocês quases amores é que eu sou mulher. E mulher é um bicho complicado. Precisa de carinho, amor, mimos, colo, dengos, chocolate... E se não bastasse isso ainda quer tudo e nada ao mesmo tempo, tem momentos que diz não querendo dizer sim e o inverso também acontece. Não preciso nem mencionar sobre a TPM, ou o quando brigam com a melhor amiga ou melhor amigo né? E tudo isso piora se for uma leonina com ascendentes em peixes.
Sabe, sei lá... Só to aqui querendo desabafar e dizer apenas que eu sou mulher... É isso, quero ser tratada como mulher. Sou criança em algumas partes do tempo, mas sou mulher porra!
Não sou dessas garotinhas que se conhece por ai e se apaixonam por vocês no primeiro beijo, nem daquelas que vão para a sua cama na primeira noite. Não sou daquelas que fingem ser quem não são pra conquistar e depois mudam ou ficam se chateando para sempre agradar. Não sou daquelas que precisam de vocês pra sobreviver, mas seria bom sentir que poderia ser assim.
Me tratem como mulher! Me deem flores quando eu menos espero, me peguem no colo pra me irritar, me surpreendam, me mandem cartas, me mandem recados, me liguem quando eu menos esperar. Passe no meu trabalho só pra dizer um oi. E por favor não me trate como qualquer uma, não me menospreze.
Repito, não sou essas menininhas por ai e to cansada desse lenga lenga!
Pronto, tá ai, explicado novamente o porque ficaram no quase, o erro é meu, por deixar acreditarem que eu era dessas, por deixar que me tratassem assim. Mas admito que não foi só meu, foi de vocês também que não percebiam pelo meu olhar, pelos meus gestos e pelos meus pitis que não era assim.
Pra finalizar, acredito sim que toda mulher deve ser quem quiser ser, deve ser livre pra fazer suas escolhas.... Porém esta é a minha escolha e espero que todos me respeitem por isso.
Obrigada,
A última  das românticas

terça-feira, 14 de agosto de 2012

As Cartas




As quatro amigas estavam em um quarto à luz de velas brincando com cartas de tarô. Uma delas fazia aquela cara de mistério e lia para as outras o que as imagens de cada carta queria dizer. Era uma brincadeira de jovens, nenhuma delas levava tudo aqui a sério. O vento bateu e as luzes quase se apagaram. Um arrepio subiu pela espinha de Rose, era a vez de ela saber o que as cartas reservavam para ela. Mari falou algo sobre a carta da espada ser um corte, falou sobre um alguém especial, sobre um término, falou que a outra pessoa ficaria chateada, mas não falou nada sobre o que ela sentiria. Também comentou sobre muitas brigas e sobre a relação nunca ser aceita por seus pais. Até então nada que ela não soubesse, só não sabia sobre esse fim, não acreditava e nada que fosse eterno, mas só não via esse fim por enquanto.

O tempo passou e aos poucos tudo o que Mari falou que aconteceria naquela noite foi acontecendo, briga por briga. Tesão por tesão, idas e vindas. Choros e sorrisos, um pouco de distanciamento. O que sentia que levaria ao fim, mas que fazia o que Rose sentia crescer ainda mais. Ela não aceitava não como resposta e lutava por aquele sentimento que estava em seu peito. Nunca fora de desejar clichês e nem sonhar com um pra sempre, mas pela primeira vez suas expectativas eram cheias desses clichês românticos com o mais belo final. Chegou até pensar em casamento, filhos, casa e um futuro. Era até engraçado alguém ouvir ela que era tão anti essas coisas animada com isso.

Porém quando tudo parecia que iria se acertar, veio o corte. Seu coração foi dilacerado em tantos pedaços que não conseguia nem contar. Chorou por todas as noites seguintes, por todos os dias, no banho, vendo televisão, no computador e até mesmo enquanto lia. Os dias passavam e a dor crescia, só que ela se acostumava em sentir isso.

Com o passar do tempo ela mal sentia a dor, apenas sentia um vazio, o qual nada conseguia preencher. Saia com outros amigos, alguns novos, alguns velhos. Divertia-se, sorria, brincava e dançava, mas não pensava em amar novamente. Beijou bocas e trocou carinhos, estava seguindo sua vida, mesmo com aquele vazio. Sua mente escondia o que seu coração sentia e ela não contava essa dor para ninguém, os outros acreditavam que ela nem sentia mais.

Até que um dia viu aquele sorriso estampado naquele rosto, vivendo a sua vida como se nem se lembrasse do que tinha acontecido. Parecia nem lembrar-se do seu nome, das promessas que haviam sido feitas. Rose tentou por um bom tempo esconder essa nova mentira de si mesma, mas em um momento tudo veio a tona. Suas lágrimas caiam e ela só queria um colo amigo para desabar.

Então fechou os olhos, lembrou-se daquela noite de verão, das velas acesas e de suas outras três amigas em uma roda olhando as cartas. Mari dizia sobre o corte e sobre como o relacionamento não teria futuro, a outra pessoa ficaria triste porque gostava, mas era apenas isso. Mas ela não tinha falado nada de como Rose se sentiria e tudo se resumia apenas em um vazio.

sábado, 11 de agosto de 2012

Primeiro erro




Era estranho depois de tanto tempo conseguir olhar ver o fundo daqueles olhos tão de perto. De longe eles eram mais escuros do que realmente eram, e o brilho era ainda mais intenso e nebriante. Tinha algo de diferente naquele olhar, talvez foi o tempo que passou, ou então as lições aprendidas, poderia ser as pegadas deixadas pelo caminho ou até mesmo o amadurecimento. Ella só conseguia pensar que não importava o que havia de diferente, só que era especial poder olhar tão de perto, ver a pupila se dilatando e os pontinhos pretos, outros marrons no meio daqueles olhos castanhos escuros.
O abraço era ainda mais apertado que quando passavam todo o tempo do mundo sem se desgrudar. E os minutos que passavam não eram suficientes, ela só queria ficar ali o tempo todo. Não precisava ir a outro lugar. Porém se lembrou do passado, das lágrimas que ainda caiam a noite, do coração partido, das promessas não cumpridas, das palavras jogadas ao vento e de alguém que existia em seu lugar.
Tentou se afastar, fugir, mas foi puxada de volta para o abraço.
-Não vá agora...
-Você teve todo o tempo para dizer isso, porque insiste no agora...
-Não sei, só não vá...
-Mas você nem esperou um dia para ter alguém no meu lugar e agora que me recuperei, que comecei a caminhar, que o sorriso voltou a surgir você volta para minha vida?
-Me desculpe, mas não posso lhe perder... Não posso deixar que outra pessoa fique no meu lugar.
-É exatamente como pensei.  Você só está sendo egoísta, o que é seu é seu e ninguém lasca a mão. Mas eu não sou uma posse, sou alguém não pertenço a ninguém.
Afastou-se, virou as costas e foi embora. Sentia no fundo do peito que as coisas poderiam ter sido diferentes, mas preferia ir embora. Se fosse para voltar para aquela vida não queria, não iria deixar. Acreditava sim, que se as pessoas são feitas para ficar junto de alguma forma o universo as juntam. Mas por aquelas palavras tudo parecia bem diferente do que destino. Então só continuou caminhando para casa, sem olhar para trás, sem lembrar-se daqueles olhos, do abraço nem muito menos daquele tempo.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Corda Bamba


A jovem, mesmo dopada com todos os remédios, acordava todas as madrugadas nos mesmos horários. Olhava para os lados ainda meio tonta tentando entender onde estava, e lá via seu quarto, isso não era incomum, só lhe dava aquele aperto no peito, meio nostálgico, meio masoquista, meio sonhador. É aqueles sentimentos eram uma mistura de tudo que fosse possível ser sentido.
Ás vezes ao se lembrar sentia uma saudade infinita, mas ao mesmo tempo um ódio mortal de si mesma e dos envolvidos, como poderia ter sido tão tola em acreditar em tudo. Onde estava a verdade? Onde estava a coragem? Onde estava a lealdade? Onde se perdeu as palavras?
É, nesses momentos ela imaginava que tudo não passou de uma ilusão, a dúvida era até onde ela se iludiu sozinha e até onde lhe pregaram a peça.
Um dia lembrou de como tudo começou e de como ouvia as pessoas dizendo que ela tinha que tomar cuidado para não ferir ninguém, mas até onde sabe ninguém se preocupou em lhe ferir. Ali estava um dos vários erros, preocupar-se mais com as cicatrizes e feridas alheias do que com as próprias. Talvez o que ela acreditava estava errado, pra sobreviver nesse mundo de selva era necessário sim ser um leão, egoísta e egocêntrico que se preocupa mais com os próprios holofotes do que com o resto dos meros animais.
Sentada em sua cama olhando para o lado, puxou seu velho coelho para mais perto, deitou, fechou os olhos. Nesse momento as lágrimas ficaram entaladas na garganta, mas dali não sairiam. Ela já não choraria por isso, mesmo que escondida. Tudo tinha um limite, e ela já havia passado do seu, os remédios e as visitas aos médicos indicavam isso.
Amanhã seria um novo dia, e lá a jovem Isabelle estaria pronta pra colocar um sorriso barato no rosto, pra mostrar o mundo o seu mau humor irônico. Faria piadas idiotas ou ofensivas só pra esconder o que só aparecia quando ela acordava às 1h, às 2h30, às 3h e entre as 5h e 6h da manhã e voltasse a olhar aquela cama enorme e o quarto vazio e ali de novo lembraria, sentiria, entalaria o choro e voltaria a conversar com Deus pedindo por um pouco de paz.

sábado, 2 de junho de 2012

Estrela Cadente


Tarde da noite ela ainda estava na rua, andando sem destino. Sentiu o vento quente bater em sua pele, deitou na grama e ficou. Sabia que iria chover, talvez não hoje, provavelmente amanhã. "-Só volto pra casa o dia que chover. Preciso sentir essas gotinhas caírem pelo meu corpo!". Esta talvez fosse a única maneira que ela conseguiria sentir algo.
Todos os dias desde a hora de levantar até o deitar sentia como se estivesse em um modo mecânico, estava ligada no automático. Não havia sentimentos, os sorrisos saiam sem que ela percebesse que eles estavam saindo. Ela precisava sentir, era isso... E esperava que com a chuva sentisse algo, pelo menos que fosse a sensação de ainda estar viva.
Enquanto estava deitada reparou na quantidade de estralas no céu, então fechou os olhos e começou a meditar, pedindo por energias mais puras, por um pouco de paz.
A jovem só desejava voltar naquele tempo onde os problemas mais complicados eram resolvidos de maneiras simples. Onde a maior duvida que tinha era qual roupa colocaria para pegar um cinema.
Sabia que a vida iria se complicando conforme ela amadurecia, e isso que a fazia crescer. Mas nos últimos tempos suas escolhas, talvez erradas, lhe trouxeram até ali.
Abriu os olhos e viu uma estrela cadente caindo, os fechou novamente e fez um pequeno pedido.
Estava mais calma e leve, decidiu voltar para casa antes do dia amanhecer.
No caminho foi surpreendida por pequenas gotas de chuva, um sorriso sincero abriu-se naquele rosto angelical. E ali ficou parada dançando na chuva. Naquele momento teve certeza que as coisas mudariam, e seria para melhor.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

A primeira gargalhada





Os últimos dias não tinham sido nada fáceis, tudo o que fazia lhe causava dor, até mesmo para respirar havia dor. Ela não tinha vontade de sair do quarto ou de casa e muito menos de ter contato com qualquer pessoa ou com o mundo. Porém tentava, dava uns passos e tentava não pensar em nada.

Uma amiga lhe visitava e até saíram para caminhar dois dias, era agradável. Só que os sorrisos não pareciam ser sinceros. Pelo menos não como eram antes, era como se ela risse de tudo só pra não causar mais preocupações e fazer com que todos acreditassem que ela estivesse melhor.

Estava no banho, como sempre a água lhe acalmava. Ali ela se permitia sentir as dores, poderia deixar seu corpo demonstrar isso da forma que fosse. Não tinha de quem esconder e nem porque esconder de si mesma a verdadeira situação. Mas naquele dia lembrou-se dos últimos dias, dos sorrisos e dos sentimentos que a rodeavam. Era tudo muito estranho, até brigava um pouco com si mesma por não sentir nada, por sentir tudo, por esconder do mundo o que realmente pensava.

O primeiro sorriso apareceu do nada, logo em seguida outros apareceram. De repente lá estava sozinha no banheiro, enquanto passava o sabonete pela barriga a gargalhar. Assim, pensando na expressão “louca com atestado”. Cada vez que pensava na forma como sua amiga havia lhe chamado brincando ela ria sem parar. E pensava que agora poderia mesmo dizer que era louca, e se alguém questionasse ela teria mesmo os atestados médicos para comprovar que não estava brincando em relação a isso.

Jamais passou pela cabeça da jovem que seus primeiros sorrisos sinceros reapareceriam quando ela estivesse sozinha e que seriam causados por uma piada em relação a seu estado atual. No final das contas nem se importava com isso, pelo contrário, ali encontrou um novo motivo para continuar a vida e mudar o que precisasse para ser feliz. Naquele momento decidiu que mesmo o tal do atestado não iria impedir que ela seguisse alguns planos e muito menos a sua felicidade. E sentia que estava dando provavelmente um dos primeiros passos para superar e passar por tudo isso.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Cabelos Bagunçados





Os cabelos estavam bagunçados, os olhos inchados e o rosto amassado. O mais sincero sorriso apareceu no instante que viu as rosas no criado mudo. Virou então para o lado da cama que deveria estar vazio, lá estava o seu anjo protetor lhe observando atentamente.

-Bonjour mon amour!

-Bom dia... O que faz aqui?

-Dormiu bem?

-Sim, mas poderia dormir melhor...

-Ahh... É?

-É, se você estivesse aqui. Assim se eu tivesse pesadelos não teria medo.

O olhar ficou sério, ele a abraçou forte.

-Eles voltaram?

-Não, nunca me deixaram...

-Mas antes não eram tão frequentes eram?

-Sempre os mesmos, iguais. O tempo todo, o que muda é que não me sinto mais protegida.

-Acalma-se minha pequena, agora estou aqui...

-Vai ficar?

-Vou...

-Mas... Assim... Pra sempre?

-Até mesmo quando você disser que não sou mais necessário estarei aqui...

A jovem de cabelos emaranhados então se afogou mais naquele colo do qual sentiu saudade. Os dedos do anjo tocavam levemente os fios, até chegarem a seu rosto. O levantou, secou uma lágrima e lhe deu um doce beijo na testa. E os dois ficaram ali até que o sono da menina voltasse novamente e ela dormisse mais tranquila.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

A Dança


Mais uma lágrima escorria por aquele rosto, Shopie tentava ser forte nos últimos dias, mas as feridas em seu peito ainda eram recentes. Poderia passar o tempo inteiro fazendo qualquer coisa que fosse, mas no primeiro momento que tivesse livre seus pensamentos voltavam para o que tentava fugir.
Lá estava ela escondida em seu quarto mais uma vez, sem a mínima vontade para sair. Deitou na cama esperando pegar no sono rápido, mas se assustou com o barulho. Ao olhar em direção a porta da sacada viu seu amigo ali sorrindo como se nada houvesse acontecido. Era provável que ele não sabia ao certo o que havia ocorrido, mas alguém lhe avisara que ela não estava bem. Ele a puxou para fora do quarto.
Estavam na sacada, os dois amigos de longa data, sem dizer nenhuma palavra. Ele então sorriu mais uma vez e então ouviu-se:
-Lembra-se pequena, como você amava olhar as estrelas?
- Agora já não tenho mais tempo para essas maninas de menina...
-Sempre dá para encontrar um tempo para fazer aquilo que gosta...
-Mas não sei mais o que me faz feliz... Está difícil...
-Eu sei que está, e nem sempre é fácil, mas vai melhorar, sempre melhora...
Então abraçou a sua amiga que tremia. Colocou os braços dela em seu ombro e então começaram a dançar pela sacada. Não havia música, não havia nada, mas os dois dançavam lentamente. Ela sorria, e quando voltou para cama havia um sorriso que a dias não era visto naquele rosto.
Ele deu um beijo de leve na bochecha dela.
-Boa noite minha princesa.
-Boa noite e obrigada por aparecer sempre que preciso, e sem ser chamado.
Então a Shopie virou para o lado e não se lembrou de mais nada, pela primeira noite conseguiu dormir sem ficar virando de um lado para o outro.

sábado, 28 de abril de 2012

Ciatrizando


Cicatrizes são formadas quando nos ferimos de algum modo. Elas podem ser externas, aquelas no corpo, que dá para ver o sangue saindo, ou em algum órgão, mas é física. E também existe as que se formam internamente, estas são feitas na alma, no chamado coração, na consciência e nem sempre podem ser vistas. No começo da cicatrização é difícil, afinal vai dizer que só limpar o joelho ralado não dói igual quando você caiu e se machucou? Depois com o passar dos dias as casquinhas vão se formando e a dor vai diminuindo. Até que chega a um ponto que começa a coçar, acho essa fase a mais engraçada, afinal como algo que lhe machuca e dói faz você ter aquela sensação de coceirinha? Enfim, coçamos até a casquinha sair, outra ferida se abre. Mas dessa vez não dói mais da mesma forma e também tem aquelas vezes que nem sente nada. E depois de um tempo você já esqueceu que havia ferido o joelho e se dá conta que já faz mais de uns 3 meses que não existe mais cicatriz. Esse é o lado bom da ferida externa, da que sangra, esquecer que ela existiu.
A ferida interna, aquela que não sangra, pode ser ainda mais profunda. Ela pode vir a causar cicatrizes tão frágeis que abrem constantemente.Não há um tempo para esse tipo de cicatrização, tem pessoas que nunca se curam e passam a vida sentindo a mesma dor todos os dias. Existe também aqueles que até se curam, mas são tão frágeis que por medo de deixar que sejam reabertas preferem fugir.
Não podemos negar que há aquelas pessoas fortes, que mesmo sentindo a dor continuam tentando fazer com que se cure. Mas então qual é o melhor modo de se agir quanto a cicatrizes da alma? O que fazer com os ferimentos profundos? O que eu faço quando elas são reabertas?
Não existes respostas certas para esse tipo de coisa, no meu caso eu sempre sigo as teorias do que o que lhe fere lhe torna mais forte e também de que o tempo nesses casos é a melhor solução.
Feridas foram reabertas e outras feitas agora, não somente feridas na alma, no coração e na consciência, ainda tenho que lhe dar com as físicas que me lembram que algo aconteceu, que algo me feriu. O tempo está passando e ainda é muito cedo para dizer como estão as internas, porém as externas estão na fase de arrancar a casquinha porque dói. O que ao meu ver já é uma boa evolução.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Amnésia?!



Antes fosse a dor de cabeça, a sede que não passa e o enjoo. Poderia ser até mesmo o rímel na bochecha e a ressaca moral por ter subido na mesa, por ter beijado várias pessoas ou por ter feito qualquer opção que acompanham uma boa dose de tequila.

Desta vez a ressaca moral era indefinida, não sei ao certo se era por ter possivelmente perdido a pessoa que dizia amar, se era por não ter conseguido o que queria (morrer) ou se era a vergonha por ter feito o que fiz. Além disso, havia a companhia das agulhas, do soro, da enfermeira e do médico. Sem falar da minha mãe preocupada e pelo que parecia amigas da minha mãe e familiares ligando para saber se estava tudo bem.

Na realidade eu nem me lembrava de nada, mas sentia vergonha e receio de algo. Queria apenas chorar, caia no sono assim que acordava. Provavelmente pelos remédios que me davam. Quando abri os olhos por mais de 5 minutos escutei minha mãe contanto ao médico o que havia acontecido comigo, coisas que havia falado e feito que jamais me lembraria.

Segundou o doutor o álcool havia agido como uma substância para fazer o incêndio ser mais rápido e forte. Não entendia muito bem o que estava acontecendo e muito menos o que ocorreu.

Poucos dias passaram e eu ainda não consigo entender as coisas ao certo. Só me lembro de uma criança, uma menina e uma jovem mulher que sempre foi muito sorridente e ativa. Não tinha muitos medos, os sonhos eram do tamanho do mundo. E apesar de ter dias ruins ou enfrentar problemas não havia do que reclamar. Que acreditava em si, e as vezes se sentia leve como o ar. Acreditava em um bem maior que a protegia e a fazia seguir em frente, tinha o costume de lhe chamar de Deus e de dizer que ele apenas existia por conta do amor.

Agora nesse momento enquanto vê teve e vê o tempo passar, ainda meio tonta por causa de toda a medicação ela começa a acreditar que na verdade esse tal de amor era o pior amigo do ser humano. Afinal, havia a afundado por isso. Mas era só tentativa de culpar algo, para não ter que ir mais fundo e descobrir que aquilo sempre esteve guardado ali só esperando pra sair. Afinal sempre foi uma criança diferente e principalmente que preferia ficar só. Conversava sozinha e até hoje tinha esses amigos imaginários que sempre lhe diziam sim.

Quando a pergunta é como seria depois que os dez dias do atestado médico passasse, vinha a vontade de correr e de sumir. Não queria voltar para a vida, queria começar do zero. Talvez em um lugar em que ninguém a conhecesse, em uma nova faculdade, um novo curso e até mesmo um novo trabalho. A única certeza que tinha nesse momento então lhe falava: “-Essa não é a solução...” e mais uma vez respirava fundo para não chorar e pensava em qualquer outra besteira, seus dias, ou melhor dizendo, meus últimos dias tinham sido assim. Um passo de cada vez, como se eu estivesse novamente aprendendo a caminhar.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Confissões de uma mente inconstante



Nada tem sido fácil nos últimos tempos, cada dia que passa sentia que perdia algo de importante. Não sabia se era uma data, um sentimento, um alguém ou até mesmo um pedaço de si. Talvez fossem todos. Muitas vezes tinha uma necessidade de chorar sem motivo, pensamentos negativos e suicidas surgiam em sua mente, porém os trocava por qualquer coisa que fosse. Não se preocupava em nada com isso. Até a primeira vez que se jogou na frente de um carro e um anjo chamado Willian a salvou. Então pensou que talvez Deus estivesse lhe dando outra oportunidade e continuou dando o máximo para sorrir e seguir em frente, mas quanto mais tentava, mas sentia o tal do vazio, a dor sem lugar especifico e aquelas lágrimas formando em seus olhos.

Um dia como outro qualquer foi para o trabalho, estava terminando tudo e pronta para ir embora Então aquele sorriso apareceu de surpresa e ela sentiu aquela velha felicidade de novo em seu coração, era como se ali estivesse a resposta de todas as perguntas que havia feito. Passou certo tempo ao lado do sorriso, mas sentiu algo diferente, parecia mais frio e mais distante. Pensou que talvez fosse pelo nervosismo de vê-la depois de oito meses...

Ou talvez não fosse. Se segurou pra não implorar pra passar a tarde inteira junta, afinal não tinha mais nada pra fazer e não se importava em sem ser uma simples companhia. Mas ai preferiu ficar calada.

Passou o restante do dia se perguntando o porquê o sorriso foi lhe visitar, o porquê havia lhe beijado o porque aqueles olhos haviam brilhado daquela maneira. Resolveu ligar pra saber se poderia passar um tempo há mais do que 5 minutos e ouviu para esperar um pouco.

Então recebeu o convite de ir até um barzinho com a turma da faculdade e foi. Até então não ia beber nada, mas a ligação não recebeu. Sentiu-se triste e virou a primeira dose. Depois ouviu o telefonema. Ficou esperando o terceiro e então já havia desistido e tomou mais duas doses. Não estava completamente bêbada, mas aquele vazio e tristeza estavam de volta, faria de tudo para afasta-los.

Então foi atrás do sorriso, que a ignorou e falou coisas que destruíram seu coração. Tudo aquilo com o vazio imenso só pensou em pular na primeira frente do primeiro carro. E lá foi. Jogou-se sem nem pensar no que poderia acontecer...

sexta-feira, 6 de abril de 2012

O Sim


Sophie esteva rodeada por seus melhores amigos em volta de um violão, cantando aquelas velhas músicas que adoravam. Enquanto as vozes diziam palavras que muitas vezes passaram pela cabeça dela, mas nunca teve coragem de dizer ela mexia em seu colar. O movimento não parava e ela distraída se pegava relembrando aqueles momentos dos quais tinha saudade. Andava pensando muito naquele amor não vivido, sabia que tinha uma decisão a tomar. O tempo havia passado e ela cada dia mais se trancava e naquele momento só queria aquele abraço apertado. Como sabia que não poderia ter tinha decidido que escolheria um novo caminho, porém não sabia qual.
 Ao seu lado, um dos seus melhores amigos, Lee a observava. Ele segurou a mão da menina no instante que viu aqueles belos olhos se encherem de lágrimas. Retribuiu o olhar de sua amiga, ela sabia que ele estaria ali, como sempre, a disposição para o que fosse necessário.
No refrão de uma das músicas que mais faziam aquela dor voltar ela não aguentou, levantou e saiu sem rumo. Sentiu que alguém a puxava e quando percebeu seu amigo a abraçava forte. Sabia que poderia desmoronar naquele instante. Mas não deixou que isso acontecesse.
-Eu estou aqui princesa, tudo vai ficar bem...
-Obrigada por sempre estar ao meu lado...
-Não agradeça por isso, não poderia estar em nenhum outro lugar no mundo...
Sophie olhou aqueles olhos de esmeralda, sorriu timidamente, os olhos ainda cheios de água.
-Chega de fazer você me esperar...
- Como?
-Eu aceito...
-Aceita o que?
-Eu vou lhe dar a chance... Mas vou deixar tudo bem claro antes, porque não posso lhe enganar...
-Eu sei que seu coração ainda pertence a alguém, sei que em seus pensamentos e sonhos aquela presença é constante. Não precisa dizer nada, eu seu que eu te amo, como sempre amei. Não sou retribuído, porém só quero fazer aquele sorriso voltar.
-Achei que eu não conseguiria lhe dizer isso... Obrigada por entender...
-Eu já tenho a consciência do que se passa dentro de ti. Não posso lhe fazer esquecer tudo e ser feliz de uma hora para outra, mas prometo tentar e dar o meu máximo para lhe ver feliz novamente.
-Obrigada por isso...
Os dois se abraçaram ainda mais forte. Lee levantou e rodou Shopie. Ele não poderia acreditar que depois de tanto tempo ela resolveu dizer sim para o coração dele. Ficaram abraçados ali por um tempo e depois voltaram para a roda.
As músicas continuavam. Desta vez a menina mantinha o silêncio e seu amigo lhe fazia as mais belas declarações de amor através das palavras cantadas.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Copo, limão e sal


Naquele instante ela não sabia bem o que tinha acontecido, mas sentia que algo havia mudando dentro de si. Ainda no balanço sentindo o vento tocar em seu rosto, seus olhos fechados bloqueavam lágrimas que queriam cair. Porém hoje não deixaria que elas caíssem.
Ali estava o que mudara, prometera que a partir daquele dia suas preciosas gotinhas não cairiam mais por amores não retribuídos ou que não deram certo. Elas jamais voltariam a escorrer por qualquer sonho que não se realizara, ou pela realidade que a tirara do seu mundo de ilusões. Não deixaria elas saírem por feridas tolas causadas por palavras alheias, por feridas antigas.
A partir daquele dia a pequena que era tão frágil estava fortalecida. Prometera a si mesma que desta vez os sentimentos seriam abandonados de vez.Cansara de chorar, de sorrir pra esconder, de correr atrás e até mesmo de viver. Assumiria seu papel de zumbi no mundo, que andaria sem destino, sem direção em busca do nada.
Desceu do balanço, passou a mão nos olhos borrando a maquiagem. Pegou o batom vermelho na bolsa e passou nos lábios. Sorriu...
De novo teve a sensação que algo teria mudado. Sorriu de novo, desta vez aquele sorrido de lado, uma mistura de quem iria aprontar com um pouco de sarcasmo. Bateu as mãos na roupas, tirou as folhas que haviam caído em seu cabelo. Pegou uma pequena flor do chão e colocou em uma das orelhas. E começou a caminhar sem direção.
No meio do caminho chutou uma pedra. Parou, olhou para o céu, sorriu novamente. Pegou seus óculos escuros e acendeu um cigarro. Continuou sem destino.
Chegou em um bar qualquer, encontrou alguns conhecidos. Pediu uma dose de tequila, virou. Outro copo, virou. Mais um limão, virou... Outro sal, virou... Mais uma dose, limão e sal, os virou...
Não sabia quantas doses havia tomado, nem muito menos quantos cigarros havia fumado. Seus pés doíam, mas ela não parava de girar.
Sua voz já estava rouca de tanto cantar, tomou mais algum gole de algo amargo, acendeu mais um cigarro e voltou para a pista. Deixou o corpo ir no embalo, ela girava, pulava, remexia, dançava.
Voltou a caminhar, não sabia para onde iria. Chegou em outro bar qualquer, mas doses de bebidas amargas, cigarros, voz rouca e girava.
Já não sabia que dia da semana era, não imagina qual mês estava e muito menos sabia quantos dias não fechava os olhos. Ela só queria ir de festa em festa até seu corpo não aguentar mais. Ás vezes a ressaca moral vinha, mas depois de mais alguns goles... Já não mais existia.
A pequena sorria, pulava, dançava, sorria, brincava e caminhava. A vida nunca pareceu tão fácil, nem tão leve muito menos tão gostosa.
E ela ainda estava meio "zureta" em seu balanço a voar... Seus pés já não tocava mais o chão... E ela sobrevivia a essa nova mulher, que havia brotado em meio a lágrimas de mais um dia frustrado.
Hoje aquela que um dia foi já não existia. Ela não sonhava mais, não havia esperança, nem crenças nem vontades. Era só viver por viver... E não era que ela acabou sendo feliz deste jeito, pelo menos é o que pensava.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Anjo secreto




“-FODA-SE”, pensou mais uma vez.
Porém tudo continuava do mesmo jeito e não havia nenhuma saída, pelo menos por enquanto... 
Olhava-se, o reflexo no espelho, já não mais se conhecia. Seus olhos antes tão alegres e cheios de vida agora estavam vidrados, vermelhos, quando os fechava doía tanto que parecia que suas lágrimas eram feitas de sangue.
Mal se lembrava daquela que um dia foi, nem muito menos de todos os lindos sonhos que tinha. Sua vida parecia feita de pesadelos, porém esses eram reais. Ela temia o dia, temia a noite... Aquela pequena agora se resumia em medo. Não acreditava em nada e em ninguém.
Colocou seus velhos tênis, passou mais lápis e sombra preta nos olhos e saiu, mais uma vez sem destino. Já tinha virado rotina andar por horas sem lugar nenhum em mente. E seus pés sempre a levavam no mesmo lugar, onde ela ficava até o dia nascer.
Mas desta vez ela esperava que o destino fosse outro. Enquanto caminhava lembrou-se da ultima vez que dormiu de verdade e do sonho que teve aquela noite. Um vento gélido passou por ela, o arrepio desceu pela espinha. 
Aquele pequeno portão de ferro lhe chamava atenção, sem se preocupar entrou. O vento novamente tocou seu rosto. Seus pés não pararam, por mais que sua intuição pedisse por isso. Andou sem parar até chegar até as arvores mais afastadas. Olhou a pequena foto presa no concreto, era impossível. Era aquela que há visitava em seus sonhos quando ainda tinha sono.
Sentou ali um pouco e ficou admirando a pequena foto por um longo tempo. Já havia escurecido quando voltou a realidade. Não havia percebido o tempo passar enquanto se perdia em pensamentos, enquanto tentava entender o porque aquela menina visitava os seus sonhos. Ela nunca havia a conhecido, não sabia quem era. Por que era procurada? O que ela teria pra dizer para a pequena?
Já estava tonta de tantas perguntas, cansada de não achar nenhuma, deitou ao lado do túmulo e ali ficou olhando as estrelas. O vento ficava cada vez mais forte. Ela estava tão cansada, seus olhos iam fechando aos poucos. Lentamente ela ia pegando no sono.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012


Mas a coragem faltou e as lágrimas voltaram, então começou tudo novamente... Desejar a morte, sonhar em sumir, pensou em como seria se simplesmente desaparecesse sem deixar pistas...
Perguntas sem respostas em sua mente novamente...

sábado, 4 de fevereiro de 2012


“-Vazo ruim não quebra!”
Era por isso que ainda estava de pé? Era por isso que ainda tomava mais um gole daquele copo? Buscava coragem através daquele liquido transparente e forte...

domingo, 29 de janeiro de 2012


“- MORTE!”
Sim ela desejava a morte, mal comia, mal dormia... Não prestava atenção ao atravessar a rua... Pensava em todas as formas fáceis de morrer... Em todas as formas não dolorosas de deixar esse mundo. Pensou nas formas dramáticas de dormir para todo o sempre... E até pensou em como seria a dor da morte... E por mais uma vez desejou isso...

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012


Como de costume, ninguém a ouvia, ninguém sabia que ela estava perdida há muito tempo, ninguém imaginava que ela ia dormir implorando pra não mais acordar... Ninguém sabia e nem imaginava que ela apertava o pé fundo no acelerador e não se importava se o sinal estava vermelho.

sábado, 21 de janeiro de 2012


Ahhhh... Sorriu sarcasticamente... Agora nada mais existia, apenas atos impensados que aconteciam. Era como um furacão, ninguém a parava. Ela já não se segurava...
“-FODA-SE!”, gritou em alto e bom som, porém ninguém ouviu...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012


Hoje pela manhã acordei e me lembrei de um texto que eu havia escrito no começo do ano passado, exatamente no dia 3 de abril de 2011. Ele era sobre a primeira vez que tentei desistir de nós. Nele contava o que havia acontecido depois de lhe dizer que só queria amizade. Você pediu pra falar comigo uns quatro dias depois do meu pedido, estávamos no Teatro Barracão vendo o café com teatro. Não preciso descrever o que aconteceu naquele dia, você sabe muito bem. Essa é uma das minhas memórias mais especiais sobre nós. E agora vários meses se passaram e estamos a muitos quilômetros de distancia. E novamente falamos de certa forma que é a amizade é o que sentimos.
Admito que pedi um tempo na esperança de acalmar meu coração e para dizer a ti que poderia fazer o que tivesse vontade sem pensar em como isso me afetaria. Porém logo pela manhã já percebi que havia feito uma burrada, afinal acordar e não ver a sua mensagem de bom dia me deixou relembrando de momentos como aquele no teatro.
Não sei se teremos a chance de olhar novamente nos olhos e de dizer tudo o que deve ser dito, mas já sinto desde agora um vazio em meu peito. Não acredito que tive coragem de desistir daquilo que acredito, o que me talvez me acalme é que essa decisão possa nos ajudar a entender o que realmente sentimos.
Agora é esperar para saber se fiz a maior burrada da minha vida ou se fiz a escolha certa. Saiba desde já que esse tempo que pedi não significa que eu não quero falar contigo ou saber se está bem. Não poder estar contigo também não significa que eu não te ame.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012


Ela sempre teve a escuridão dentro dela, um dia sabia que seria tomada-da por isso... E agora via-se aos poucos deixando ser dominada e o mais estranho e intrigante é que ela gostava....
Agora...

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Com o tempo ela foi ficando mais fria, não gostava disso, mas os últimos acontecimentos haviam lhe aberto os olhos. Falou-se tanto em uma época em sua indiferença que ela resolveu abrir-se, mas olha o que acontecia agora... Mais uma vez era obrigada a construir muros e agir com frieza.

domingo, 15 de janeiro de 2012


Ela não estava mais ali, havia ido e não deixou pista da onde poderiam encontra-la. Restou apenas o seu lado mais sombrio...
O lado sombrio... Os medos, inseguranças, incertezas unidos com a raiva, com a ira, com a tristeza e as lágrimas... Quem podia a segurar? Ela só queria voar, pra qualquer lugar que fosse longe dali... Queria apagar todas as memórias, esquecer que um dia o amor esteve em seu coração. 

sábado, 14 de janeiro de 2012

I miss you and everything that had, but it´s time to move on...
That´s what I try to convince...
I know, I´ll love you all my life, but it´s time to move on... (That´s what I try to convince...)
So be happy for me and for you!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012


E a boa menina se perdeu no meio do caminho, provavelmente foi levada pelo vento… Ou foi embora com o grito silencioso que dominava sua garganta... Quem sabe não abriu as asas daquele anjo e voou?

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Do simples ao complicado, apenas um significado


Simplicidade… O que é isso? O que define o que é simples? Difícil tentar definir isso, e o mais irônico nisso é que simplicidade é uma das coisas que prometi buscar e ser esse ano. Pensando agora no que eu desejo e no que seria a simplicidade... Imagino uma cena, uma que só poderia acontecer em sonho. Nessa cena, criada pela minha mente...

Alguém me segura pela mão e não se preocupa com o que as pessoas pensam, ou em quem vê isso. Alguém que me puxa pela cintura, me abraça e diz que só precisava me ter por perto. Essa pessoa me olha no fundo dos olhos e não tem medo de dizer o que sente. Me dá um beijo delicado de boa noite. Que sabe que nem tudo é como queremos ou imaginamos, que nem sempre as coisas dão certo e mesmo assim ainda faz planos e divide seus sonhos comigo.

Nesse meu sonho, a simplicidade seria, alguém para se ter por perto, para chamar de confidente, para que eu também fosse sua confidente. Alguém para ser uma ótima amiga, ou, muito mais do que uma amiga. Alguém para ser irmã, para ser amante, para amar, para lutar...

Alguém...

Com quem eu pudesse dar e receber, que mesmo com todos os medos, inseguranças, incertezas ainda assim estivesse ali pronto para conquistar o mundo ao meu lado...

Ahh... A simplicidade! Perde-se no momento em que desejo que esse seja o meu significado de simplicidade.