segunda-feira, 25 de abril de 2011

Noites de Lua

Ela odeia a lua. Porque a lua lhe trazia lembranças das quais nunca viveu. A deixava com saudades do que nunca teve. Sentia necessidade de um certo abraço que nunca ocorreu. Desejava alguém e não sabia quem. Aquela bola redonda e branca mexia e remexia com sentimentos que ela nem conhecia.
Parou de olhar um pouco a bola refletora de luz solar e montou na moto e saiu sem rumo. Sem entender porque começou a chorar. Parou a motocicleta, arrancou os sapatos e começou a correr. Fechou os olhos na esperança de parar com as gotas sem sentido que percorriam pelo seu rosto. Mas de nada adiantava.
-Que bola branca sem luz própria mais idiota!- Pensou
E mais uma vez pegou-se olhando para a lua. Imagens vieram a sua mente. Rosas, apenas rosas. Da onde vinham aquelas imagens? Só poderia ser fruto da sua conturbada mente. Pegou a moto e voltou para casa. Foi direto pra sacada. Passou o resto da noite ali, sentada em um canto olhando a redonda que brilhava. As lágrimas caiam novamente, mas dessa vez não se conteve. Podia não compreender porque a lua lhe causava aquilo e nem nada o que acontecia durante as noites de lua cheia. Mas não se importava em sentir. No fundo ela amava a lua e seus efeitos, por mais que falasse que odiava tudo aquilo.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Carta não entregue



Quantas vezes a pessoa que eu mais amo no mundo me machucou com suas palavras?
O que se faz quando aquela pessoa que deveria te amar apesar de tudo, te apoiar, estar ao seu lado lhe diz coisas que lhe machucam profundamente?
Era pra ser diferente, é um amor diferente...
"Você é uma parte de mim" e por ser parte sua deveria estar ao meu lado, por mais que não aceite e não goste da ideia deveria me ajudar a curar a ferida e não rasga-la ainda mais. O que eu faço não é provocação nem nada. Será que realmente você aguentaria se eu te falasse tudo? Sou eu que estou vivendo ou que já vivi, só eu sei pelo que passei. E se em algum momento não falei era para não lhe trazer mais um problema. Porém, pelo que vejo só sou isso em sua vida, mais um problema.
Estou tão cansada disso tudo, dessas discussões, dessas cobranças, de não ser perfeita ou nem chegar ao mínimo da perfeição perante seus olhos. Dou o máximo que posso, me esforço da minha maneira e me dói ouvir o que ouvi de ti na ultima noite. Dói tanto que a dor passa a ser física. Nesse momento eu só queria sumir da sua vida, assim você não teria que se preocupar comigo e nem teria mais problemas. É um pouco dramático eu sei, mas o que faria no meu lugar? Melhor nem perguntar porque tenho a certeza que a Senhora Perfeição diria que nunca passaria por isso.
Acho que já basta, pois sei que poderia ficar falando o que fosse aqui isso não mudaria.
Me perdoe por ser eu.

Uma parte de ti.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A tranquilidade em meio ao caos

O mundo lá fora desmoronava da sua maneira. Eram tantas coisas que se passavam nas nossas cabeças. Procurávamos soluções para problemas que nos perseguiam. No fundo eu só queria achar uma que não magoasse ninguém. Como eu odiava aquela situação toda. Me sentia culpada por tudo. Queria sumir, queria correr, queria não sentir o que sentia por você. Então me puxou para mais perto e deitei em seu colo. Escutava seu aquele coração batendo e senti que ele bateu mais rápido quando falei que se sumisse seria para lhe dar um tempo para pensar nas possibilidades que tínhamos. Então levantei pra me afastar, mas você pegou a minha mão e a levou até seu peito. Senti mais uma vez teu coração disparado. Mais uma vez olhou nos meus olhos e falou: - Sentiu? Viu o desespero dele? Eu respondi: -Sim, escutei quando estava deitada em seu colo. Puxou-me de novo pra mais perto, me deu um beijinho no nariz, fechamos nossos olhos.
Quebrei o silêncio, odiava quebrá-lo, mas precisava. -Sabe, é engraçado o modo como está acontecendo tudo isso... Mas quando deito no seu colo e escuto seu coração batendo é como se tudo fosse um sonho. O mundo para, as coisas ruins ficam lá fora. É como se nada ruim fosse acontecer. O resto se torna apenas o resto...
Era isso que acontecia. Enquanto estávamos ali, conversando ou não, com os olhos cheios de lágrimas ou sorrindo bobamente, fazendo as escolhas, pensando em tudo... O resto se tornava apenas o resto. Mais nada importava quando nos abraçavámos, tudo o que acontecia fora daquele quarto se tornava insignificante.