segunda-feira, 30 de abril de 2012

A Dança


Mais uma lágrima escorria por aquele rosto, Shopie tentava ser forte nos últimos dias, mas as feridas em seu peito ainda eram recentes. Poderia passar o tempo inteiro fazendo qualquer coisa que fosse, mas no primeiro momento que tivesse livre seus pensamentos voltavam para o que tentava fugir.
Lá estava ela escondida em seu quarto mais uma vez, sem a mínima vontade para sair. Deitou na cama esperando pegar no sono rápido, mas se assustou com o barulho. Ao olhar em direção a porta da sacada viu seu amigo ali sorrindo como se nada houvesse acontecido. Era provável que ele não sabia ao certo o que havia ocorrido, mas alguém lhe avisara que ela não estava bem. Ele a puxou para fora do quarto.
Estavam na sacada, os dois amigos de longa data, sem dizer nenhuma palavra. Ele então sorriu mais uma vez e então ouviu-se:
-Lembra-se pequena, como você amava olhar as estrelas?
- Agora já não tenho mais tempo para essas maninas de menina...
-Sempre dá para encontrar um tempo para fazer aquilo que gosta...
-Mas não sei mais o que me faz feliz... Está difícil...
-Eu sei que está, e nem sempre é fácil, mas vai melhorar, sempre melhora...
Então abraçou a sua amiga que tremia. Colocou os braços dela em seu ombro e então começaram a dançar pela sacada. Não havia música, não havia nada, mas os dois dançavam lentamente. Ela sorria, e quando voltou para cama havia um sorriso que a dias não era visto naquele rosto.
Ele deu um beijo de leve na bochecha dela.
-Boa noite minha princesa.
-Boa noite e obrigada por aparecer sempre que preciso, e sem ser chamado.
Então a Shopie virou para o lado e não se lembrou de mais nada, pela primeira noite conseguiu dormir sem ficar virando de um lado para o outro.

sábado, 28 de abril de 2012

Ciatrizando


Cicatrizes são formadas quando nos ferimos de algum modo. Elas podem ser externas, aquelas no corpo, que dá para ver o sangue saindo, ou em algum órgão, mas é física. E também existe as que se formam internamente, estas são feitas na alma, no chamado coração, na consciência e nem sempre podem ser vistas. No começo da cicatrização é difícil, afinal vai dizer que só limpar o joelho ralado não dói igual quando você caiu e se machucou? Depois com o passar dos dias as casquinhas vão se formando e a dor vai diminuindo. Até que chega a um ponto que começa a coçar, acho essa fase a mais engraçada, afinal como algo que lhe machuca e dói faz você ter aquela sensação de coceirinha? Enfim, coçamos até a casquinha sair, outra ferida se abre. Mas dessa vez não dói mais da mesma forma e também tem aquelas vezes que nem sente nada. E depois de um tempo você já esqueceu que havia ferido o joelho e se dá conta que já faz mais de uns 3 meses que não existe mais cicatriz. Esse é o lado bom da ferida externa, da que sangra, esquecer que ela existiu.
A ferida interna, aquela que não sangra, pode ser ainda mais profunda. Ela pode vir a causar cicatrizes tão frágeis que abrem constantemente.Não há um tempo para esse tipo de cicatrização, tem pessoas que nunca se curam e passam a vida sentindo a mesma dor todos os dias. Existe também aqueles que até se curam, mas são tão frágeis que por medo de deixar que sejam reabertas preferem fugir.
Não podemos negar que há aquelas pessoas fortes, que mesmo sentindo a dor continuam tentando fazer com que se cure. Mas então qual é o melhor modo de se agir quanto a cicatrizes da alma? O que fazer com os ferimentos profundos? O que eu faço quando elas são reabertas?
Não existes respostas certas para esse tipo de coisa, no meu caso eu sempre sigo as teorias do que o que lhe fere lhe torna mais forte e também de que o tempo nesses casos é a melhor solução.
Feridas foram reabertas e outras feitas agora, não somente feridas na alma, no coração e na consciência, ainda tenho que lhe dar com as físicas que me lembram que algo aconteceu, que algo me feriu. O tempo está passando e ainda é muito cedo para dizer como estão as internas, porém as externas estão na fase de arrancar a casquinha porque dói. O que ao meu ver já é uma boa evolução.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Amnésia?!



Antes fosse a dor de cabeça, a sede que não passa e o enjoo. Poderia ser até mesmo o rímel na bochecha e a ressaca moral por ter subido na mesa, por ter beijado várias pessoas ou por ter feito qualquer opção que acompanham uma boa dose de tequila.

Desta vez a ressaca moral era indefinida, não sei ao certo se era por ter possivelmente perdido a pessoa que dizia amar, se era por não ter conseguido o que queria (morrer) ou se era a vergonha por ter feito o que fiz. Além disso, havia a companhia das agulhas, do soro, da enfermeira e do médico. Sem falar da minha mãe preocupada e pelo que parecia amigas da minha mãe e familiares ligando para saber se estava tudo bem.

Na realidade eu nem me lembrava de nada, mas sentia vergonha e receio de algo. Queria apenas chorar, caia no sono assim que acordava. Provavelmente pelos remédios que me davam. Quando abri os olhos por mais de 5 minutos escutei minha mãe contanto ao médico o que havia acontecido comigo, coisas que havia falado e feito que jamais me lembraria.

Segundou o doutor o álcool havia agido como uma substância para fazer o incêndio ser mais rápido e forte. Não entendia muito bem o que estava acontecendo e muito menos o que ocorreu.

Poucos dias passaram e eu ainda não consigo entender as coisas ao certo. Só me lembro de uma criança, uma menina e uma jovem mulher que sempre foi muito sorridente e ativa. Não tinha muitos medos, os sonhos eram do tamanho do mundo. E apesar de ter dias ruins ou enfrentar problemas não havia do que reclamar. Que acreditava em si, e as vezes se sentia leve como o ar. Acreditava em um bem maior que a protegia e a fazia seguir em frente, tinha o costume de lhe chamar de Deus e de dizer que ele apenas existia por conta do amor.

Agora nesse momento enquanto vê teve e vê o tempo passar, ainda meio tonta por causa de toda a medicação ela começa a acreditar que na verdade esse tal de amor era o pior amigo do ser humano. Afinal, havia a afundado por isso. Mas era só tentativa de culpar algo, para não ter que ir mais fundo e descobrir que aquilo sempre esteve guardado ali só esperando pra sair. Afinal sempre foi uma criança diferente e principalmente que preferia ficar só. Conversava sozinha e até hoje tinha esses amigos imaginários que sempre lhe diziam sim.

Quando a pergunta é como seria depois que os dez dias do atestado médico passasse, vinha a vontade de correr e de sumir. Não queria voltar para a vida, queria começar do zero. Talvez em um lugar em que ninguém a conhecesse, em uma nova faculdade, um novo curso e até mesmo um novo trabalho. A única certeza que tinha nesse momento então lhe falava: “-Essa não é a solução...” e mais uma vez respirava fundo para não chorar e pensava em qualquer outra besteira, seus dias, ou melhor dizendo, meus últimos dias tinham sido assim. Um passo de cada vez, como se eu estivesse novamente aprendendo a caminhar.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Confissões de uma mente inconstante



Nada tem sido fácil nos últimos tempos, cada dia que passa sentia que perdia algo de importante. Não sabia se era uma data, um sentimento, um alguém ou até mesmo um pedaço de si. Talvez fossem todos. Muitas vezes tinha uma necessidade de chorar sem motivo, pensamentos negativos e suicidas surgiam em sua mente, porém os trocava por qualquer coisa que fosse. Não se preocupava em nada com isso. Até a primeira vez que se jogou na frente de um carro e um anjo chamado Willian a salvou. Então pensou que talvez Deus estivesse lhe dando outra oportunidade e continuou dando o máximo para sorrir e seguir em frente, mas quanto mais tentava, mas sentia o tal do vazio, a dor sem lugar especifico e aquelas lágrimas formando em seus olhos.

Um dia como outro qualquer foi para o trabalho, estava terminando tudo e pronta para ir embora Então aquele sorriso apareceu de surpresa e ela sentiu aquela velha felicidade de novo em seu coração, era como se ali estivesse a resposta de todas as perguntas que havia feito. Passou certo tempo ao lado do sorriso, mas sentiu algo diferente, parecia mais frio e mais distante. Pensou que talvez fosse pelo nervosismo de vê-la depois de oito meses...

Ou talvez não fosse. Se segurou pra não implorar pra passar a tarde inteira junta, afinal não tinha mais nada pra fazer e não se importava em sem ser uma simples companhia. Mas ai preferiu ficar calada.

Passou o restante do dia se perguntando o porquê o sorriso foi lhe visitar, o porquê havia lhe beijado o porque aqueles olhos haviam brilhado daquela maneira. Resolveu ligar pra saber se poderia passar um tempo há mais do que 5 minutos e ouviu para esperar um pouco.

Então recebeu o convite de ir até um barzinho com a turma da faculdade e foi. Até então não ia beber nada, mas a ligação não recebeu. Sentiu-se triste e virou a primeira dose. Depois ouviu o telefonema. Ficou esperando o terceiro e então já havia desistido e tomou mais duas doses. Não estava completamente bêbada, mas aquele vazio e tristeza estavam de volta, faria de tudo para afasta-los.

Então foi atrás do sorriso, que a ignorou e falou coisas que destruíram seu coração. Tudo aquilo com o vazio imenso só pensou em pular na primeira frente do primeiro carro. E lá foi. Jogou-se sem nem pensar no que poderia acontecer...

sexta-feira, 6 de abril de 2012

O Sim


Sophie esteva rodeada por seus melhores amigos em volta de um violão, cantando aquelas velhas músicas que adoravam. Enquanto as vozes diziam palavras que muitas vezes passaram pela cabeça dela, mas nunca teve coragem de dizer ela mexia em seu colar. O movimento não parava e ela distraída se pegava relembrando aqueles momentos dos quais tinha saudade. Andava pensando muito naquele amor não vivido, sabia que tinha uma decisão a tomar. O tempo havia passado e ela cada dia mais se trancava e naquele momento só queria aquele abraço apertado. Como sabia que não poderia ter tinha decidido que escolheria um novo caminho, porém não sabia qual.
 Ao seu lado, um dos seus melhores amigos, Lee a observava. Ele segurou a mão da menina no instante que viu aqueles belos olhos se encherem de lágrimas. Retribuiu o olhar de sua amiga, ela sabia que ele estaria ali, como sempre, a disposição para o que fosse necessário.
No refrão de uma das músicas que mais faziam aquela dor voltar ela não aguentou, levantou e saiu sem rumo. Sentiu que alguém a puxava e quando percebeu seu amigo a abraçava forte. Sabia que poderia desmoronar naquele instante. Mas não deixou que isso acontecesse.
-Eu estou aqui princesa, tudo vai ficar bem...
-Obrigada por sempre estar ao meu lado...
-Não agradeça por isso, não poderia estar em nenhum outro lugar no mundo...
Sophie olhou aqueles olhos de esmeralda, sorriu timidamente, os olhos ainda cheios de água.
-Chega de fazer você me esperar...
- Como?
-Eu aceito...
-Aceita o que?
-Eu vou lhe dar a chance... Mas vou deixar tudo bem claro antes, porque não posso lhe enganar...
-Eu sei que seu coração ainda pertence a alguém, sei que em seus pensamentos e sonhos aquela presença é constante. Não precisa dizer nada, eu seu que eu te amo, como sempre amei. Não sou retribuído, porém só quero fazer aquele sorriso voltar.
-Achei que eu não conseguiria lhe dizer isso... Obrigada por entender...
-Eu já tenho a consciência do que se passa dentro de ti. Não posso lhe fazer esquecer tudo e ser feliz de uma hora para outra, mas prometo tentar e dar o meu máximo para lhe ver feliz novamente.
-Obrigada por isso...
Os dois se abraçaram ainda mais forte. Lee levantou e rodou Shopie. Ele não poderia acreditar que depois de tanto tempo ela resolveu dizer sim para o coração dele. Ficaram abraçados ali por um tempo e depois voltaram para a roda.
As músicas continuavam. Desta vez a menina mantinha o silêncio e seu amigo lhe fazia as mais belas declarações de amor através das palavras cantadas.