quinta-feira, 7 de março de 2013

O que sentia?


A água estava quente e a playlist de dias chuvosos tocava no fundo. Selina estava de olhos fechado e agora lavava a cabeça. Ao abrir os olhos depois de enxaguar seus longos e emaranhados cabelos loiros ela se lembrou de algumas palavras. Por algum motivos seus olhos novamente se fecharam e era como se tivesse voltado no tempo. Lá estava aqueles belos olhos castanhos, cheios de lágrimas, mostrando um pouco de receio e ao mesmo tempo dor, daquela boca que tantas vezes viu um dos mais belos sorrisos irônicos, saíram palavras que ela não acreditava ouvir.

-É você que eu amo! Sim, eu te amo! Eu realmente achei que nunca iria sentir isso de novo, você sabe, já te falei que não sou do tipo que sai dizendo isso por ai. E eu sinto isso, é você que eu amo. Eu te amo porra!

Novamente se concentrou na música que tocava. Sentiu um arrepio descendo pela espinha. Como pode aquele "príncipe" lhe jurar amor? Selina se fazia de durona, muitas vezes utilizava o seu jeito intenso e cheio de energia para esconder aquela mulher frágil e cheia de sentimentos. Aproveitava que as pessoas sabiam que era era meio liberal e mente super aberta, uma mulher moderna, e continuava a manter a pose de quem não se importa com nada a não ser com divertir-se e viver o hoje. Mas ali, bem no fundinho ela queria mesmo declarações de amor, palavras de afeto, carinho, uma boa companhia pra ver filmes, trocar olhares e contar piada. Sabe, alguém pra trocar livros, lhe aquecer nos dias frios e dormir abraçada. Não importava com quem estaria durante a semana toda, o que importava era quem ela queria ao seu lado num sábado à noite ou num domingo à tarde.

Novamente Selina abriu os olhos e continuou olhando para o nada. Tinha tantas perguntas sem respostas, tantas coisas para lhe dizer. Mas insistia no fato de que talvez fosse só um pouco de carência, falta de alguém que não era específico. Afinal lembrava-se de todas aquelas SMS de encontros e de sexo com outras meninas. Se ele a amasse jamais teria feito isso, então não poderia sentir falta dele. Além disso, quem ama não desiste fácil assim daquilo que ama.

Agora estava ali, solitária, na banheira cheia de água que agora começava a ficar fria. Lá do lado de fora ouvia o vento batendo forte. E em seu peito sentia o vazio, sempre aquele mesmo vazio. Talvez nunca iria achar algo para preenche-lo, talvez fosse morrer com ele... E tinha certeza que era esse maldito vazio que a deixara louca. Só que nem o vazio, nem a falta de alguém, a carência, as lembranças boas, as ruins ou até mesmo ele importavam neste momento.

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