sábado, 11 de agosto de 2012

Primeiro erro




Era estranho depois de tanto tempo conseguir olhar ver o fundo daqueles olhos tão de perto. De longe eles eram mais escuros do que realmente eram, e o brilho era ainda mais intenso e nebriante. Tinha algo de diferente naquele olhar, talvez foi o tempo que passou, ou então as lições aprendidas, poderia ser as pegadas deixadas pelo caminho ou até mesmo o amadurecimento. Ella só conseguia pensar que não importava o que havia de diferente, só que era especial poder olhar tão de perto, ver a pupila se dilatando e os pontinhos pretos, outros marrons no meio daqueles olhos castanhos escuros.
O abraço era ainda mais apertado que quando passavam todo o tempo do mundo sem se desgrudar. E os minutos que passavam não eram suficientes, ela só queria ficar ali o tempo todo. Não precisava ir a outro lugar. Porém se lembrou do passado, das lágrimas que ainda caiam a noite, do coração partido, das promessas não cumpridas, das palavras jogadas ao vento e de alguém que existia em seu lugar.
Tentou se afastar, fugir, mas foi puxada de volta para o abraço.
-Não vá agora...
-Você teve todo o tempo para dizer isso, porque insiste no agora...
-Não sei, só não vá...
-Mas você nem esperou um dia para ter alguém no meu lugar e agora que me recuperei, que comecei a caminhar, que o sorriso voltou a surgir você volta para minha vida?
-Me desculpe, mas não posso lhe perder... Não posso deixar que outra pessoa fique no meu lugar.
-É exatamente como pensei.  Você só está sendo egoísta, o que é seu é seu e ninguém lasca a mão. Mas eu não sou uma posse, sou alguém não pertenço a ninguém.
Afastou-se, virou as costas e foi embora. Sentia no fundo do peito que as coisas poderiam ter sido diferentes, mas preferia ir embora. Se fosse para voltar para aquela vida não queria, não iria deixar. Acreditava sim, que se as pessoas são feitas para ficar junto de alguma forma o universo as juntam. Mas por aquelas palavras tudo parecia bem diferente do que destino. Então só continuou caminhando para casa, sem olhar para trás, sem lembrar-se daqueles olhos, do abraço nem muito menos daquele tempo.

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