quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O Beija Flor


Se assustou com um barulho perto da janela, olhou de longe, com receio do que pudesse ser. Viu algo batendo as asas bem rápido, como se tentasse se desenrolar da cortina. Chegou perto com calma para não assustar aquele pequeno e frágil animal. O tirou do tecido e tentou olhar ele de mais perto, o bicho se aproximou. Ela estendeu a mão, ele bateu as asas, virado para ela, a impressão de quem olhava de longe é que ele a observava. Em seguida, virou-se para a janela novamente e saiu, talvez em busca de alguma flor para se alimentar.
A jovem pequena ficou ali parada olhando para fora, esperando ver o seu "companheiro" em alguma das flores de seu jardim, mas não estava ali. Ela então voltou para a cama, fechou os olhos na tentativa de voltar a dormir, mas não conseguia. Pegou a primeira roupa que encontrou e foi até o jardim.
Sentou-se no balanço e ali ficou parada sentindo o vento bater em seu rosto. Aos poucos sorrisos tristes surgiram no seu rosto delicado. Um vento rápido passou por ela e aquele barulho surgiu de novo, mas dessa vez não tinha nenhum beija flor por perto.
"É pequena, as lembranças também são beija flores que lhe acompanham. Eles surgem barulhentos, se enrolam na cortina da mente e depois vão embora lhe abandonando em um jardim com a sensação de querer um pouco mais daquilo que se foi. E você como uma flor, fica ali a espera que ele volte e tome novamente do teu orvalho."
Com este pensamento escrito em seu pequeno caderno de anotações foi-se ao encontro de uma velha amiga que a esperava no portão.

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