quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Ausente Companhia




A pequena assustava em seu quarto estava. Afundava a cabeça no travesseiro na esperança de dormir. Lá fora o vento sobrava a chuva já estava pra chegar. Ela apagou a luz na esperança de que isso fosse lhe trazer o sono, mas o contrário acontecia. No escuro todos os seus medos, insegurança, pensamentos e memórias a atormentava. Cada raio que caia a assustava, ela conseguia pelo menos manter as gotinhas salgadas guardadas. Então quando virou para o lado sentiu aquela presença. No mesmo momento alguém sussurrava em seu ouvido:

–“Achou que não iria aparecer hoje?”

-“Tinha certeza que viria. A lua, a chuva, o vento... Me trazem essa certeza.”

-“Minha pequena não são elas que me trazem, são teus medos.”

A menina virou para ver melhor os olhos de predador, porém não havia ninguém. Então se afundou de novo no travesseiro, desta vez as lágrimas não se continham. E ela pedia baixinho para que o sono viesse e a levasse até seu lugar preferido. Precisava do tempo dela, do lugar perfeito. Onde não havia medos, ansiedades, lembranças e nem a saudade.

Mas saudade do que? Perguntou-se a menina. Nem ela sabia... Como poderia sentir saudade daquilo que nunca teve? Como tinha lembranças de algo que nunca viveu? Como amava quem nunca conheceu? Qual era o caminho pra se encontrar quem não se vê? Tantas perguntas sem respostas iam tomando cada vez mais o sono. A esperança de dormir não mais existia, então levantou, ligou o computador, escolheu aquela velha playlist. No escuro as músicas tocavam e de certa maneira colocavam pra fora aquilo que ela não conseguia dizer. Escutou um barulho, correu para a sacada, um vento forte a surpreendeu, sentiu um arrepio subir pela espinha.

O sol batia na janela e a despertara. Acordara em sua cama, porém não se lembrava de como foi parar lá. Também não se lembrava de nada que havia acontecido na noite anterior. A única coisa que estava em sua mente eram aqueles olhos...

Olhos de predador.

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