Há última oração já aconteceu há muito tempo, naquele onde a
pequena ainda tinha um pouco de esperança e também sonhos. Atualmente seus pés
não flutuavam mais, ela não desejava salvar mais o seu próprio coração, tão
quebrado, tão esmagado que os novos curativos já não aguentavam e se
arrebentavam.
Não sabia se isso era ser esperta ou se era burrice, mas
quando se sentia triste ela corria para a memória, para a nostalgia. A explicação
era de que nesses momentos de alucinação passada ela poderia controlar os
momentos bons, esquecer os ruins e ser feliz. Tudo era felicidade e mais belo
no passado.
Já era outra manhã, depois de uma noite mal dormida e cheia
de sonhos que lhe enchiam de amor. Abriu os olhos, foi pro banho, olhou pro
espelho e sorriu. Cômico! Sentia-se bem de mais, feliz de mais, linda de mais,
tudo o que fosse possível de ser positivo, ela que era tão negativa assim. E nem
aconteceu nada para que o humor mudasse tão drasticamente, pelo contrário,
todas as cobranças que tinha a faziam querer cair, mas ela sentia-se bem de
mais. Mais novamente, essa palavra ta passando muito pela vida dela, eita frequência!
Andou pela rua sentindo uma vontade inconsequente de gritar
bem alto que ama! Sim que ama a si mesma! Olha só, será que aprendeu?! Odiava o
sol, mas não se escondia dele, corria atrás dos raios para esquentar seu corpo
frio, dançava no meio fio. Menina louca de pedra, pedra de louca, já estava
rouca e continuava a gritar:
-Amor, amorzinho, amorzão! Meu pequeno passarinho que me faz voar. Chegue de surpresa, me jogue na mesa... Amor, amorzinho e amorzão, vem rapidão. Sem vergonha, me pega pelas costas e prove que me quer.
-Amor, amorzinho, amorzão! Meu pequeno passarinho que me faz voar. Chegue de surpresa, me jogue na mesa... Amor, amorzinho e amorzão, vem rapidão. Sem vergonha, me pega pelas costas e prove que me quer.
As rimas dela não faziam sentido, nem tinham algum
significado e muito menos ela sabia rimar. Mas essa era a graça da coisa. E
quando alguém a olhava com aquele ar de superior ela retribuía o olhar e
falava:
-Caralho! Buceta! Puta! Pau! Pauta! Flauta! Arghhhh!
-Caralho! Buceta! Puta! Pau! Pauta! Flauta! Arghhhh!
E ria novamente, sem parar, sua barriga doía, seus olhos
cheios de lágrimas, mas ela não parava. Stop veio quando uma criança dos olhos
azuis cor do céu, cabelos emaranhados da cor do sol sorriu com ela. Ahh
crianças, como sempre não conseguem ver a tristeza, nem mesmo quando estão a
sua frente beirando a loucura.
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