terça-feira, 13 de novembro de 2012

Louca de Pedra




Há última oração já aconteceu há muito tempo, naquele onde a pequena ainda tinha um pouco de esperança e também sonhos. Atualmente seus pés não flutuavam mais, ela não desejava salvar mais o seu próprio coração, tão quebrado, tão esmagado que os novos curativos já não aguentavam e se arrebentavam.
Não sabia se isso era ser esperta ou se era burrice, mas quando se sentia triste ela corria para a memória, para a nostalgia. A explicação era de que nesses momentos de alucinação passada ela poderia controlar os momentos bons, esquecer os ruins e ser feliz. Tudo era felicidade e mais belo no passado.
Já era outra manhã, depois de uma noite mal dormida e cheia de sonhos que lhe enchiam de amor. Abriu os olhos, foi pro banho, olhou pro espelho e sorriu. Cômico! Sentia-se bem de mais, feliz de mais, linda de mais, tudo o que fosse possível de ser positivo, ela que era tão negativa assim. E nem aconteceu nada para que o humor mudasse tão drasticamente, pelo contrário, todas as cobranças que tinha a faziam querer cair, mas ela sentia-se bem de mais. Mais novamente, essa palavra ta passando muito pela vida dela, eita frequência!
Andou pela rua sentindo uma vontade inconsequente de gritar bem alto que ama! Sim que ama a si mesma! Olha só, será que aprendeu?! Odiava o sol, mas não se escondia dele, corria atrás dos raios para esquentar seu corpo frio, dançava no meio fio. Menina louca de pedra, pedra de louca, já estava rouca e continuava a gritar:
-Amor, amorzinho, amorzão! Meu pequeno passarinho que me faz voar. Chegue de surpresa, me jogue na mesa... Amor, amorzinho e amorzão, vem rapidão. Sem vergonha, me pega pelas costas e prove que me quer.
As rimas dela não faziam sentido, nem tinham algum significado e muito menos ela sabia rimar. Mas essa era a graça da coisa. E quando alguém a olhava com aquele ar de superior ela retribuía o olhar e falava:
-Caralho! Buceta! Puta! Pau! Pauta! Flauta! Arghhhh!
E ria novamente, sem parar, sua barriga doía, seus olhos cheios de lágrimas, mas ela não parava. Stop veio quando uma criança dos olhos azuis cor do céu, cabelos emaranhados da cor do sol sorriu com ela. Ahh crianças, como sempre não conseguem ver a tristeza, nem mesmo quando estão a sua frente beirando a loucura.

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