quarta-feira, 25 de abril de 2012

Amnésia?!



Antes fosse a dor de cabeça, a sede que não passa e o enjoo. Poderia ser até mesmo o rímel na bochecha e a ressaca moral por ter subido na mesa, por ter beijado várias pessoas ou por ter feito qualquer opção que acompanham uma boa dose de tequila.

Desta vez a ressaca moral era indefinida, não sei ao certo se era por ter possivelmente perdido a pessoa que dizia amar, se era por não ter conseguido o que queria (morrer) ou se era a vergonha por ter feito o que fiz. Além disso, havia a companhia das agulhas, do soro, da enfermeira e do médico. Sem falar da minha mãe preocupada e pelo que parecia amigas da minha mãe e familiares ligando para saber se estava tudo bem.

Na realidade eu nem me lembrava de nada, mas sentia vergonha e receio de algo. Queria apenas chorar, caia no sono assim que acordava. Provavelmente pelos remédios que me davam. Quando abri os olhos por mais de 5 minutos escutei minha mãe contanto ao médico o que havia acontecido comigo, coisas que havia falado e feito que jamais me lembraria.

Segundou o doutor o álcool havia agido como uma substância para fazer o incêndio ser mais rápido e forte. Não entendia muito bem o que estava acontecendo e muito menos o que ocorreu.

Poucos dias passaram e eu ainda não consigo entender as coisas ao certo. Só me lembro de uma criança, uma menina e uma jovem mulher que sempre foi muito sorridente e ativa. Não tinha muitos medos, os sonhos eram do tamanho do mundo. E apesar de ter dias ruins ou enfrentar problemas não havia do que reclamar. Que acreditava em si, e as vezes se sentia leve como o ar. Acreditava em um bem maior que a protegia e a fazia seguir em frente, tinha o costume de lhe chamar de Deus e de dizer que ele apenas existia por conta do amor.

Agora nesse momento enquanto vê teve e vê o tempo passar, ainda meio tonta por causa de toda a medicação ela começa a acreditar que na verdade esse tal de amor era o pior amigo do ser humano. Afinal, havia a afundado por isso. Mas era só tentativa de culpar algo, para não ter que ir mais fundo e descobrir que aquilo sempre esteve guardado ali só esperando pra sair. Afinal sempre foi uma criança diferente e principalmente que preferia ficar só. Conversava sozinha e até hoje tinha esses amigos imaginários que sempre lhe diziam sim.

Quando a pergunta é como seria depois que os dez dias do atestado médico passasse, vinha a vontade de correr e de sumir. Não queria voltar para a vida, queria começar do zero. Talvez em um lugar em que ninguém a conhecesse, em uma nova faculdade, um novo curso e até mesmo um novo trabalho. A única certeza que tinha nesse momento então lhe falava: “-Essa não é a solução...” e mais uma vez respirava fundo para não chorar e pensava em qualquer outra besteira, seus dias, ou melhor dizendo, meus últimos dias tinham sido assim. Um passo de cada vez, como se eu estivesse novamente aprendendo a caminhar.

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