sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O Vazio


Era uma festa totalmente estranha, Flor não conhecia ninguém o que tornava a situação ainda mais esquisita. Mas precisava se distrair e ali naquele escuro ninguém a notaria. Estava tão cansada daquele barulho e de não conseguir ver nada que entrou na primeira porta onde havia Luz. Deitou no chão com sua garrafa de Whisky, pegou um cigarro e ficou ali olhando pro teto enquanto fumava.
Ria sem parar por realmente ninguém ali sentir a sua falta, achou isso ainda mais libertador. Do que adiantaria ter vergonha em um local onde todos a desconhecem? Virou aquela garrafa, tentou tomar o restante em apenas um gole. Terminou aquele cigarro, pegou outro e então conseguiu finalizar a bebida.
Sai no breu e deixou o ritmo a dominar. Quando percebeu já estava dançando feito louca em uma mesa e as pessoas lá em baixo gritavam pelo seu nome.
No fundo ela estava adorando aquela atenção, então foi se soltando mais, dançando mais e não queria que aquilo terminasse nunca. Precisava mesmo escapar um pouco de sua vida mesquinha e aquilo era perfeito. Sentiu uma mão em sua cintura, foi pega, a desceram e a levaram para fora. A noite estava estrelada, agora percebia que havia perdido seu short e que estava só de camiseta e calcinha. O cara ao seu lado sorria e perguntava se ela estava bem. Pelo olhar de Flor ele achou melhor explicar que a pegou quando viu que ela iria cair. Era vergonhoso, não conseguiria falar, por isso apenas sorriu de volta.
Ali ficaram até a tontura passar, então ela correu feito louca do rapaz e voltou para a festa, pra dança e pras bebidas. Saia apenas para fumar e quando tinha certeza que "seu salvador" não estava por perto...
Na manhã seguinte acordou, coberta de purpurina, com o rosto todo pintado com tintas daquelas que brilham na luz noturna. Não achava seu short, mas outra garrafa estava do seu lado junto com o cigarro, virou aquele último gole, brindando com o nada. Ascendeu o cigarro e foi embora, andando pela rua sozinha até chegar em casa.
Foi para o quarto, não quis abrir a janela, mas olhando para cama, viu aquele lado vazio... A tinta e a maquiagem agora estavam borradas. Flor caiu na cama aos soluços, parecia uma criança, algo estava errado. Por que precisava tanto provar que ainda estava viva? Por que essa necessidade gigantesca de sentir algo? O que havia acontecido com a jovem mulher que havia planejado a sua vida e tinha um lindo futuro todo pela frente?
Aquela Flor não existia mais, tinha muchado e agora ela estava procurando uma nova vida, onde poderia encontrar um algo que preenchesse aquele vazio no seu peito.

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