domingo, 3 de fevereiro de 2013

Um momento de fé


Estar de volta aquele lugar de onde nasceu, onde cresceu até uma certa idade. O lugar onde sua família morava e onde tinhas suas melhores lembranças de infância, muito do que aprendeu na sua vida começou ali. Era nostálgico, sempre seria um pedacinho do lar em seu coração, mas não sentia-se mais em casa. Não pertencia mais àquela realidade queria compreender tudo o que se passava em sua mente e em seu coração. Era costumeiro ser confusa, mas estava mais do que o normal, onde seria o seu lar? Onde seu coração estaria? Até onde ela não sabia sobre seus sentimentos?
Deixava tudo isso de lado, lembrando-se das brincadeiras de rua, do caminho que fazia a pé até o ballet, de como era as antigas casas de sua vó... Os domingos brincando com seus primos, correndo pela casa da outra avó. Os banhos de chuva correndo pelo quintal e até mesmo todas suas amigas brincando na piscina de sua casa. A escola, suas professoras, parecia que tudo aquilo tivera acontecido num passado muito distante, porém só faziam 12 anos.
E agora, pela primeira vez em todos esses anos não via a hora de voltar para sua casa, para sua outra cidade, outra vida, aquilo que chamava de atual realidade.
O carro ainda em movimento, a chuva ia parando e o Sol surgindo, "Sol e chuva, casamento de viúva"... As gotas ainda estavam na janela, passava agora por uma pequena igreja, meio que por reflexo fez o sinal da cruz... Outro pensamento voltou a lhe perturbar, nunca falava sobre Deus, nem naquilo que acreditava... Mas voltando para aquele lugar sentia-o tão próximo de si, antes de dormir, quando orava era como se falasse com um velho amigo, não tinha segredo. Isso começou a pesar, porque perdeu a fé? Porque deixou de acreditar? Não havia motivos para isso, então quando sentisse a necessidade, mostraria no que acredita...
Estava ali, aquele que chamavam de Deus, mas que tinha tantos nomes, ao seu lado, lhe ajudando nas horas difíceis  quando chorava todas as lágrimas que tinha escondida, ele era o único que a via. Principalmente em seus momentos de insônia...
Maldita insônia, vem tira o meu sono... Me deixa acordada no meio da noite, em uma cama sozinha, olhando pro teto... Nesse momento junto as minhas mãos e falo baixinho com Deus, imploro pra ele não me deixar chorar, mas antes de terminar a frase a primeira lágrima já molha a minha face... Sono, porque não voltas e me deixa sonhar?
Maldita ilusão, que me faz ir até onde quero chegar... Me deixa feliz por um belo momento, mas depois de surpresa me tira do mundo perfeito. E lá vem novamente a insônia a me provocar...
Maldita seja a intuição, que desta vez me acordou num pulo...
Acertou até o dia, agora só falta realizar o que o sonho dizia... Não será surpresa se a causa dessa insônia, dessa ilusão e dessa intuição for real um dia.
Mas naquele momento não queria pensar nisso, mais uma vez sabia que poderia estar certa e isso já doía de mais e não deixaria mais interferir na sua vida... Seria como naquele velho clichê: "E o que tiver que ser será."
Durante aquela noite, antes de fechar os olhos pra dormir lembrou de uma frase: "O pai vai colocar em teu caminho suas promessas" e dormiu mais tranquila, pelo menos por um tempo.

Nenhum comentário: